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A Escola do Professor Severiano Sobrinho e o mistério resolvido do Cine Paroquial (1927)


Em 1927, uma escola funcionou em Santa Luzia, no sertão paraibano, sob a direção do professor Severiano Sobrinho. Dela restou uma única e preciosa imagem, uma fotografia histórica que mostra dezenas de alunos posando ao lado de dois homens (ao centro), um professor e um barbeiro, diante de uma parede com três grandes arcos. Essa imagem, que permaneceu por décadas como um enigma, finalmente teve seu mistério desvendado: foi tirada no interior do Cine Paroquial de Santa Luzia-PB.

A fotografia que também foi postada no blog de acervos históricos de José Vanaldo Bezerra, contém, ao fundo, uma arquitetura singular, um arco central ladeado por dois arcos menores, com reboco e molduras superiores típicas da construção civil religiosa ou paroquial da época. Essa estrutura gerou, por muitos anos, dúvidas sobre a real localização do retrato. Várias hipóteses foram cogitadas, mas nenhuma confirmada com segurança.

Foi no grupo de Facebook "Túnel do Tempo de Santa Luzia-PB" que o quebra-cabeça começou a ser montado. Em uma postagem, iniciei o seguinte questionamento:

"Em 1927 funcionou uma escola aqui em Santa Luzia, Paraíba. Alguém sabe, de certeza, onde essa escola funcionou? Como alunos tinha meu avô, Braz de Melo; Manoel Lino; Heráclito Claudino de Souza; Joffily Machado; Geraldo Marinho; Ademar Fernandes Dantas; Bartolomeu Teotônio de Medeiros, entre outros. Queria saber também o nome dos professores, eram dois, Severiano Sobrinho e outro."

Após diálogos com historiadores como o professor, pesquisador e escritor José Dantas Neto e Dr. Renato Medeiros (íntegrantes do IHGSL - Instituto Histórico e Geográfico de SantaLuzia-PB), e a contribuição técnica de outros participantes do grupo "Túnel do Tempo de Santa Luzia-PB", a confirmação veio: a foto foi tirada no palco do Cine Paroquial, local que também era usado para apresentações de teatro e outras atividades culturais da cidade.

O Cine Paroquial funcionou no prédio que funcionava a antiga Telemar (hoje o prédio pertence a Oi). Nesse prédio, de acordo com Dr. Renato Medeiros, também funcionou a fábrica de mosaicos de Mário Ferreira.

Análise arquitetônica da imagem

A confirmação da localização veio também de uma análise técnica da fotografia. Comparando a imagem de 1927 com uma fotografia antiga da fachada do Cine Paroquial, observou-se que os arcos da parede ao fundo da imagem escolar seguem exatamente o mesmo padrão arquitetônico da parte externa do cinema. A disposição, o reboco, a textura e até mesmo a proporção dos arcos internos coincidem com os elementos externos do Cine. O espaço também é coerente com as dimensões internas do salão do cinema, projetado originalmente para comportar um público alinhado em fileiras, espaço esse que acolheu todos os alunos sentados (tendo ao centro e no primeiro nível, o barbeiro e o professor), lado a lado na fotografia, distribuídos harmonicamente em três níveis.

Esse tipo de uniformidade construtiva era típico de prédios religiosos ou paroquiais, que mantinham um padrão visual contínuo entre interior e exterior. O Cine Paroquial também era usado, à época, para exibições teatrais, como lembraram os moradores em depoimentos posteriores.

Uma observação: A informação de que o de terno branco, ao centro esquerdo, do primeiro nível, de que se tratava de um barbeiro da época, está descrita na postagem da foto no blog, tendo como referência, o acervo histórico de José Vanaldo Bezerra.

Testemunhos que reforçam a localização da foto

O professor, pesquisador e escritor Carmélio Reynaldo foi enfático em seu comentário:

"Sim, é o palco do Cine Paroquial. Assisti muitos filmes nessa sala. Como ela servia também para espetáculos teatrais, nas laterais do palco havia camarins, que ficavam abaixo do nível do tablado, atrás dessas molduras."

Ele ainda acrescentou informações sobre a vida cultural do local:

"Além da programação de filmes, periodicamente se apresentavam aí os grupos de teatro de Tia Anaíde e de Ana Brito. Esses espetáculos, que recebiam o nome genérico de 'drama', consistiam de apresentações de peças teatrais, números musicais, de dança e de declamação."

Roberto Ferreira, por sua vez, relatou que frequentava o espaço quando ele funcionou como uma fábrica de mosaicos, e confirma:

"Durante o período em que o Cine Paroquial funcionou como uma fábrica de mosaicos, eu ia lá quase todos os dias. E apesar de algumas mudanças na parte diante do palco, essa era a visão que eu tinha do local onde eram projetados os filmes."

Identificação do professor e do barbeiro

 

 

Francisco Severiano de Figueiredo Sobrinho

Na fotografia, dois homens se destacam. Um deles, de terno cinza, é o professor Francisco Severiano de Figueiredo Sobrinho, cuja identidade foi confirmada por José Dantas Neto, após criteriosa pesquisa documental. Já o outro homem, trajando branco, era um barbeiro da cidade, o nome dele ainda está sendo investigado, embora seja citado no blog de Rosilvado, "Memórias de um Tempo" (https://lembrancasdeepocas.blogspot.com), atribuída, a foto, do acervo histórico de José Vanaldo Bezerra, como sendo "um barbeiro da época".

Presença de Alunos Históricos

Entre os muitos alunos identificados, está o meu avô Braz Gabriel de Melo, listado com o número 08, da esquerda para a direita do terceiro nível. Outros nomes de destaque também compõem o registro, como Heráclito Claudino, Geraldo Marinho, Ademar Fernandes Dantas, Bartolomeu Teotônio de Medeiros, José Ferreira, Jofles Machado, entre outros. A lista completa, composta por 50 estudantes, encontra-se abaixo:

Relação dos Alunos por Número (Atualizada):

 

 
 
Foto, com mais informações, me enviada por Brás de Melo Filho (meu tio e filho de Braz de Melo)
 
1 -

2 -

3 - "filho de um barbeiro"

4 -

5 -

6 - "Manoel de Lino"

7 - Heráclito Claudino de Souza

8 - Braz de Melo

9 - Germano Machado

10 - Luiz Araújo de Medeiros

11 - José Ferreira de Medeiros

12 - Jofre Machado

13 - Severino Batista de Oliveira

14 - Jonas Rufino

15 - João Cesário

16 - Geraldo Marinho

17 - Neto Ugulino

18 - João Machado (irmão de Duarte)

19 - Moacyr Medeiros

20 - José Machado

21 - Delmiro Dantas

22 -

23 -

24 - Antônio Batista de Morais

25 - Luiz Gonzaga Pereira

26 - "Pedro de Chico Bilinha"

27 - Tibúrcio

28 - Pedro Machado

29 - Estevão Salviano

30 - Adalberto

31 - Rodopiano Ferreira da Nóbrega

32 - João Joviano de Medeiros

33 - Joventino Leocádio

34 - Tertuliano Leocádio

35 -

36 - Bráulio Rocha (filho de Otílio)

37 - José de Melo

38 - Manoel Benício

39 - Jafre Rufino

40 - Manoel Barra (filho de Mel. B. Verde)

41 - Bartolomeu Teotônio de Medeiros

42 - Gabriel Epitácio de Medeiros

P1 - (barbeiro da época)

P2 - Francisco Severiano de Figueiredo Sobrinho

43 - Aurino Bezerra

44 - Adauto Maximiano dos Santos

45 - José Dantas Fernandes

46 - Carlos Fernandes

47 - "Zé de Dr. Nino"

48 - Inácio Antunes de Morais ("Inácio Peba")

49 - "Oscar de Antônio Aurélio"

50 - Mário Ferreira de Medeiros

51 -

Conclusão

A fotografia escolar de 1927, feita no interior do Cine Paroquial de Santa Luzia-PB, é mais do que um retrato de época, é um verdadeiro e valioso documento histórico que liga gerações, ajuda a compreender o espaço urbano e cultural da cidade, e dá rosto a nomes que ajudaram a construir a identidade local.

A investigação técnica, aliada aos testemunhos orais e documentos históricos, trouxeram à tona uma verdade que agora faz parte da nossa memória coletiva. E é com alegria que compartilho essa redescoberta: um simples detalhe arquitetônico foi a chave para desvendar uma história quase centenária.

Fonte principal:

Arquivo de José Vanaldo Bezerra
Colaborações: José Dantas Neto, Dr. Renato, Carmélio Reynaldo, Roberto Ferreira e Brás de Melo Filho.

Texto: Henrique Melo – Rede Sertão PB

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