Santa Luzia-PB
Hoje, quinta-feira, 19 de junho de 2025
Em uma manhã histórica, dia de Corpus Christi, e também início do São João de Santa Luzia-PB, onde muitas pessoas, familiares que moram em outras localidades, e que, nesse período visitam a cidade, o escritor José Dantas Neto entregou pessoalmente ao amigo Riaton Benício, que além de neto de, também foi criado com Manoel Benício, um exemplar do livro A Ribeira do Sabugy e suas histórias, 1701-1961. Nas páginas desse resgate da memória sertaneja, destaca-se a figura altiva e corajosa de seu avô, o coronel Manoel Benício da Silva, um dos mais implacáveis perseguidores de cangaceiros da história da Polícia Militar da Paraíba.
Nascido em Santa Luzia do Sabugy no dia 17 de novembro de 1884, Manoel Benício viveu com intensidade os embates contra o crime no sertão nordestino, enfrentando desde grupos de pequenos bandidos até os mais temidos chefes do cangaço, entre eles, o próprio Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
Confrontos com Lampião
Em pelo menos dois episódios relatados no livro, Manoel Benício se viu frente a frente com o Rei do Cangaço:
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Em agosto de 1924, liderando uma tropa de 50 homens em Pau do Ferro, no município de Princesa Isabel, Benício foi encarregado pelo chefe político José Pereira de expulsar Lampião da Paraíba. Após dois dias de combate, Lampião recuou e fugiu para Pernambuco.
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Durante a guerra civil de 1930, Benício também atuou na resistência ao avanço de cangaceiros aliados a forças políticas rivais, participando de confrontos intensos como o de Alagoa Nova, onde o jornal Diário de Pernambuco registrou o episódio e destacou a bravura de sua tropa.
Contra o mito da emboscada
Já em 1959, aos 74 anos, Manoel Benício concedeu uma entrevista ao jornal O Globo, na qual questionou a versão oficial sobre a morte de Lampião. Segundo ele, "a história está mal contada". Para o veterano combatente, Lampião jamais se deixaria surpreender por uma emboscada. “Foi vítima de uma traição”, afirmou.
Mais de 60 combates
Com uma longa carreira na Polícia Militar da Paraíba, Benício participou de mais de 67 confrontos diretos com cangaceiros. Em um dos mais memoráveis, no município de São João do Cariri, enfrentou o bando de Inácio Dantas com apenas 52 homens sob seu comando. Dividiu suas tropas em dois pelotões e, usando táticas de camuflagem e surpresa, evitou o massacre mesmo após um tiroteio feroz.
Reconhecimento e legado
Apesar de não ter cursado as escolas de formação exigidas atualmente, Benício subiu de patente por mérito próprio e bravura. Chegou ao posto de major em 1952 e, posteriormente, a tenente-coronel. Faleceu em João Pessoa, no dia 20 de abril de 1972, aos 86 anos, deixando para trás uma trajetória marcada por coragem, disciplina e um profundo amor pela sua terra natal.
Henrique Melo - Rede Sertão-PB
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